Por Larissa Costa
Quem iniciou o terceiro domingo da 11ª Mostra Cultural foi a cantora Nélida, com canções sobre amor e sua ausência. Há cerca de 17 anos ela se envolveu com a arte, por meio de corais, e hoje é professora de canto. Ela trouxe ao público o projeto Sobre amor essas coisas, pontapé inicial de um projeto maior, o “Dor de Cotovelo”. Segundo a artista, esse trabalho é autobiográfico, mas também inclui histórias de outras pessoas a respeito de como tratar as coisas do coração. “É muito interessante a forma que as pessoas lidam com o amor, com a paixão - as duas coisas são diferentes - e também com a falta disso”, declara.
Em seguida, a peça O Funeral, da
Cia Vida em Ação - formada em 2013 - tomou a atenção do público. Apesar do
título um pouco mórbido, a apresentação de apenas dez minutos é regada de humor.
A história se passa em torno do funeral de uma das personagens de outras
esquetes da Cia e da partilha de bens da falecida. As senhoras que tentam
ficar com as coisas valiosas acabam se frustrando e, a partir disso, a comédia se
instala. Amanda Alves, uma das integrantes do coletivo, afirma: “A gente trabalha, estuda e ainda tem que correr para fazer as apresentações. Nós fazemos porque gostamos mesmo. Sempre na correria, mas sempre com bom humor”.
Para não perder o timing do humor, A Vida
Íntima de Gabriela, espetáculo da WM'S Cia de Artes e Dança, chega ao palco e conquista
ainda mais risos do público. Existente há dois anos, a peça foi
reformulada, de dança para teatro. Com suas palhaçadas e artifícios,
Gabriela e sua mãe, Dona Dodô, contam como foi sua cansativa viagem de Ilhéus a
São Paulo em busca de Reginária (irmã de Gabriela), trazendo um potinho com
farofa e outro com (deliciosas) rapaduras e mocotó. Neuza, intérprete da mãe de Gabriela, é
atriz desde 2006 e conta se divertir muito com a montagem. “Eu adoro. Gosto muito de
brincar com o público e é sempre um trabalho legal”, conta.
Ainda com muita alegria e risos,
a Cia Os Desconhecidos traz a peça E Lá Vou Eu, conquistando um momento
de reflexão do público. Desde o final de 2015 o grupo - existente há seis anos -
realiza estudos relacionados à escravidão e sua relação com a atualidade. “O nosso objetivo é tentar mudar a cabeça [das
pessoas] da periferia, mostrar que eles podem buscar mais e ir além. Não
simplesmente trabalhar dia após dia e dar dinheiro para quem é rico e só quer
enriquecer: nossa ideia é demonstrar os erros e apontar que a gente pode correr
atrás disso, resolvê-los”, explica Renan, fundador do coletivo.
Rodrigo, ator e membro da companhia, fala um pouco sobre as ideias que fizeram surgir a peça. “A gente viu muito
paralelo em o Navio Negreiro ser o ônibus dos dias atuais e vários outros
aspectos que batem com nossa realidade. Sem dúvida, estar no palco é muito emocionante. Tem que
entrar na personagem... e é uma coisa maravilhosa, ainda mais com o público super receptivo. Eu fiquei muito agradecido”, revela.
Giselle Alcantara assistiu a
todas essas apresentações e diz ter gostado bastante, ressaltando uma delas: “Todas as peças estão muito boas, com poucos intervalos. Uma está melhor que a
outra. Gostei muito da esquete [O Funeral], delas achando o diamante no fim das
cinzas”, conta.
Cléia veio da Praia Grande especialmente
para assistir Mulher Inteira, peça cuja sua sobrinha é diretora, e diz que também
gostou de assistir às comédias do dia: “Eu gostei por fazer a gente sorrir”, declara. A peça que Cléia desejava
assistir, enfim entrou em cena. Mulher Inteira, da Cia As Marcelinas (vinda
de Barueri e existente desde 2014) mexeu principalmente com o público feminino,
por tê-lo como tema principal do enredo. Senhoras e jovens garotas
dividem o palco, encenando, dançando e questionando o papel da mulher nos dias
de hoje.
Ao ser questionada sobre o
objetivo da apresentação, Drica, professora de dança contemporânea do grupo, é
clara: ”Refletir sobre qual o papel da mulher, o que é ser mulher no dia a dia”.
Eduardo Sena, professor de teatro do grupo, fala sobre a reação de quem assiste: “É uma maravilha
ver como o público recebe a história. Eu fico lá atrás e vejo a reação das pessoas,
vibrando, chorando, e então penso que estamos no caminho certo”.
De acordo com Drica, o curso que as atrizes participam é na verdade uma seção de oficinas, e não um “teatro regular, técnico ou profissional, mas sim abertas ao público, para qualquer pessoa - iniciantes com intermediários e etc.”, com vagas abertas constantemente.
De acordo com Drica, o curso que as atrizes participam é na verdade uma seção de oficinas, e não um “teatro regular, técnico ou profissional, mas sim abertas ao público, para qualquer pessoa - iniciantes com intermediários e etc.”, com vagas abertas constantemente.
Finalizando o domingo, foi a vez
do Grupo Teatro Delivery (com oito anos de estrada) apresentar a Sessão Delivery,
com seis diferentes esquetes encenadas por diversos atores. Pretende-se, com este projeto, literalmente levar o teatro às pessoas. Eles realizam apresentações onde puderem, inclusive casas, basta pedir, tal qual um verdadeiro delivery de fast food, só que
de cultura e entretenimento, como diz Roberto Borenstein, fundador da companhia. “A ideia é
levar o teatro para onde nos abrirem as portas”. O ator ainda complementa: "O objetivo é
fazer peças que caibam em qualquer espaço, como um teatro meio 'camaleão', tomando
a forma do lugar que a gente entra”.
Lucas Cavalcanti apresentou a cena “Cabeça
de Vento”, sobre um garoto que tem uma intensa relação com o vento. Está no
início dos estudos sobre teatro e, para ele, essa apresentação foi essencial: “Eu
queria ter esse treino de, enquanto ator, estudar um tema que eu queira falar
sobre, que tem alguma relação comigo, e entrar nesse universo do Teatro
Delivery. Estou testando muitas coisas e é um presente fazer essa cena”, diz.
Luciano de Faria participou de
três das esquetes. Formado pela Macunaíma em 2014, faz parte do grupo desde o
início deste ano. Ele fala sobre a importância deste trabalho. “Eu escolhi essa profissão porque eu nela eu brinco. Já trabalhei em banco, ganhava super bem, só que meu dia era
muito chato. Portanto, aqui eu tenho a possibilidade de no meu trabalho estar me
divertindo, e isso para mim é a coisa mais especial do mundo”, conta, empolgado.
O próximo domingo, dia 24 de julho, é o encerramento da 11ª Mostra. As últimas peças de conclusão da oficina e outras atrações estarão
esperando por você! Não perca!
Larissa Costa é estudante de jornalismo e estagiária na FAPCOM - Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação. Acredita que foi a profissão que a escolheu e não o inverso. Gosta de observar os detalhes e admirar o que parece ser invisível. O estranho a envolve, o novo a atrai. Ama sorrir e chamar sorrisos. Gosta de ser feliz e transmitir esse sentimento a todos e todas que puder. É uma pequena garota que busca realizar seus gigantescos sonhos.
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